‘Liberdade, força e paixão’, mulheres falam sobre a representatividade feminina do turismo
Ao longo dos anos e em razão de inúmeras conquistas sociais, as mulheres estão cada vez mais se inserindo em lugares nunca antes ocupados por elas. Nessa semana da Mulher, a Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur) conversou com três personagens femininas do turismo amazonense para elas falarem sobre representatividade feminina no setor.
Um desses espaços que estão sendo ocupados é a pesca esportiva, atividade predominantemente masculina, e onde o Amazonas se destaca como um dos principais destinos do país. Neste cenário, a empresária Gerusa Methner conquistou, em novembro de 2020, um recorde internacional ao capturar um tucunaré-açú de 90 cm. A premiação é homologada pela IGFA (Associação Internacional de Pesca Esportiva).
“A pesca esportiva sempre foi vista como um esporte mais masculino, mas de um tempo pra cá a mulher está se inserindo, como ela se inseriu no profissional, em vários esportes, inserindo na pesca também. Eu acho muito importante isso. Quebrou um pouco esse tabu de ser um esporte masculino. E é legal porque a mulher ganha esse espaço em um esporte tão importante e tão incrível que é”, disse Gerusa.
Praticando a atividade há cinco anos, a empresária recorda que a influência pelo esporte veio de sua família que também pratica a atividade e posteriormente do esposo, amante do esporte. “Na minha vida toda sempre a pesca fez parte porque meu pai, meu irmão e tios sempre gostavam, sempre pescavam e aí depois o meu marido. Sempre houve influência, mas acho que a principal influência foi ele [marido]”, acrescentou.
A pescadora destaca o momento em que capturou o animal e fala sobre a paixão pela atividade por conta do contato com a natureza. “Esse dia foi muito bacana, foi muito especial porque é muito difícil. O meu marido até brinca que o peixe tem dono. Eu acho que é bem isso, foi muito emocionante. A emoção de você pegar e depois aquela sensação tão boa de devolver o peixe para natureza, para o habitat dele, são momentos maravilhosos”, finalizou. O animal foi capturado na região da cidade de Santa Isabel do Rio Negro, situada na calha do Rio Negro.
Além de ocupar a prática de turismo esportivo, o mercado de trabalho do setor também está sendo mais ocupado pelo público feminino. De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, as mulheres representam 56% dos profissionais diretos no turismo brasileiro.
A guia de turismo Mari Sousa é uma dessas pessoas. Atuando na área há nove anos, ela explica que o turismo entrou em sua vida após o convite de uma amiga para atuar no Museu do Seringal Vila Paraíso. Ao observar a atuação dos guias profissionais e se interessar pela área, resolveu se inscrever no curso de Guia de Turismo do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam). “O turismo me encantou. Eu caí de paraquedas e de repente eu me vi apaixonada por tudo isso”, disse.
Sobre ser mulher no turismo, Mari explica que é gratificante e destaca a força feminina para conduzir, em seu caso, os turistas que visitam o Amazonas. “Ser mulher no turismo é mostrar a força que a mulher tem. É contar sobre a cultura, contar sobre a arte, sobre a gastronomia, mostrar para todas as outras mulheres a força que exercem dentro do turismo, com o jeitinho que nós mulheres temos de falar e de conduzir. Esse é um jeitinho feminino que só nós, mulheres, temos”, destacou Mari.
Para as mulheres turistas, Mari explica que uma das principais dicas é preparar um roteiro antes de chegar ao local de destino, garantindo mais segurança durante os passeios. “Você organiza e quando chegar naquele local já está tudo preparado. Não é interessante chegar e ainda ter que procurar hotel, pousada. Você já vai com tudo organizado e irá fazer um passeio com êxito”, completou a guia.
Liberdade – A professora Márcia Rebeca, que já visitou 24 municípios do Amazonas e 21 Estados brasileiros, é uma dessas viajantes que não sai de casa sem um roteiro pronto. Há três anos ela começou a registrar seus passeios em suas redes sociais e após sugestão de amigos resolveu dar dicas de viagens para mulheres. “Eu, dentro do cenário do turismo, eu me sinto uma pessoa livre. Quando a gente sai a gente vai desbravar outras cidades, outros estados, outros países, a gente está exercendo de fato a nossa liberdade. E é isso que eu sinto, principalmente quando eu viajo no nosso Estado”, destacou Márcia.
Márcia começou o interesse por turismo ainda na infância durante férias com a família e na universidade a paixão se firmou durante participação de movimentos estudantis em outros Estados. O foco em dicas para mulheres surgiu com a percepção da necessidade de orientações específicas para o público feminino. “As mulheres gostam de viajar bastante e às vezes elas não tem companhia pra viajar, não porque elas são sozinhas, mas porque uma amiga não quer, o marido não quer e aí ela quer viajar e não se sente segura. Então eu comecei a falar também sobre mulheres que gostam de viajar, querem viajar e que podem ir sozinhas mesmo”, completou.
Márcia dá algumas almas dicas para as futuras desbravadoras de novos destinos. “Buscar o máximo de informações possíveis, conversar com outras pessoas, com outras mulheres que tenham ido e principalmente fazer um relatório diário para suas amigas do que está fazendo. Uma coisa que eu sempre faço também é não postar diariamente quando eu estou fora. A gente nunca sabe quem é que está curtindo a gente. Podem ser pessoas super queridas, bem intencionadas, mas pode ter gente que não é”, alertou.
Segurança – Para garantir a segurança em viagens, a Amazonastur orienta turistas para que consultem se o prestador de serviço turístico faz parte do Cadastur, o Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas do Ministério do Turismo (MTur) de estabelecimentos que atuam no setor. Os prestadores podem ser conferidos pelo link: https://cadastur.turismo.gov.br/hotsite/#!/public/capa/entrar.